quarta-feira, 25 de abril de 2012


Este conto africano é muito bom para ser trabalhado com pré adolescentes e até mesmo adulto. Contei no pró - letramento, as professoras aprovaram.

O homem sem sorte

Era uma vez um homem que se achava o mais sem sorte do mundo e, num sonho, viu que a única solução era procurar o Criador no fim do mundo. Saiu, então, correndo à procura do Criador.

Ao passar pela floresta, ouviu o grunhido de um lobo doente e enfraquecido, que estava caído e lhe pedia ajuda.
- Agora não posso, pois tenho uma longa jornada até o fim do mundo, aonde vou me encontrar com o Criador - respondeu o homem apressadamente.

 O pobre lobo pediu então que ele falasse com o Criador e lhe pedisse a sua cura. O homem se comprometeu e continuando a correr, tropeçou na raiz exposta de uma grande e velha árvore, já quase sem folhas, que lhe disse:
- Meu nobre senhor, me ajude, estou morrendo, enfraquecida. Por favor, jogue um pouco de terra sobre minhas raízes expostas!

O homem respondeu:
- Infelizmente agora, não posso, pois estou indo encontrar o Criador que fica no fim do mundo.
- Peça, então, ao Criador por mim. Diga-lhe como estou e como posso me curar desse sofrimento.

O homem virou as costas e depois de muito correr, chegou a um vale muito florido, com flores de todas as cores e perfumes. Mas ele não reparou. Chegou até uma casa e na frente da casa estava uma jovem muito bonita que o convidou a entrar.

Eles conversaram longamente e de repente se levantou dizendo que não podia perder tempo e quando já estava saindo ela lhe pediu um favor:
- Você que vai procurar o Criador, podia perguntar uma coisa para mim? É que de vez em quando sinto um vazio no peito, que não tem motivo nem explicação. Gostaria de saber o que é e o que posso fazer por isto.

O homem prometeu que perguntaria e, depois de muito caminhar, chegou finalmente ao fim do mundo. Sentou-se e ficou esperando até que ouviu a voz do Criador chamando-o.

O homem falou-lhe então sobre a sua triste vida e sua imensa falta de sorte e o Criador lhe disse:
- Sua sorte está há muito tempo no mundo. Basta ficar atento que você vai encontrá-la.

Quando já estava indo embora, o Criador lhe perguntou:
- Você não tem que levar uma resposta para uma árvore, para um lobo e para uma jovem?
- Tem razão, Senhor.

Depois de escutar o que o Criador tinha para lhe dizer, correu mais rápido que o vento até que chegou à casa da jovem que, ao vê-lo passar, chamou:
- Ei! Você conseguiu encontrar o Criador?
- Sim! Claro! O Criador disse que minha sorte está há muito tempo no mundo. Só preciso ficar atento!
- E quanto a mim, você teve a chance de fazer a minha pergunta?
- Ah! O Criador disse que, o que você sente, é solidão. Assim que encontrar um companheiro vai ser completamente feliz, e mais feliz ainda vai ser o seu companheiro.

A jovem então abriu um sorriso e perguntou ao homem se ele queria ser este companheiro.
- Claro que não. Já trouxe a sua resposta. Não posso ficar aqui perdendo tempo com você, pois tenho que encontrar minha sorte. Adeus!

 Virando as costas, correu até a floresta onde estava a árvore. Ela perguntou se trazia a resposta do Criador, e o homem respondeu:
- Tenho muita pressa e vou ser breve, pois estou indo em busca de minha sorte. O Criador disse que você tem embaixo de suas raízes uma caixa de ferro cheia de moedas de ouro. O ferro desta caixa está corroendo suas raízes. Se você cavar e tirar este tesouro daí, vai terminar todo o seu sofrimento e você poderá virar uma árvore saudável novamente.
- Por favor! Faça isso por mim! Você pode ficar com o tesouro. Ele não serve para mim. Eu só quero de novo minha força e energia.

O homem respondeu furioso:
- Já lhe trouxe a resposta. Agora resolva o seu problema. Preciso procurar a minha sorte e eu não posso perder tempo aqui conversando com você, muito menos sujando minhas mãos na terra.

 Virando as costas, atravessou a floresta mais rápido do que antes, e chegou aonde estava o lobo, mais magro ainda e mais fraco. O homem falou-lhe apressadamente:
 - O Criador mandou lhe falar que você não está doente. O que você tem é fome. Está morrendo  de inanição, e como não tem mais forças para sair e caçar, vai morrer aí mesmo. A não ser que passe por aqui uma criatura bastante estúpida, e você consiga devorá-la.

Nesse momento, os olhos do lobo se encheram de um brilho estranho e, reunindo o restante de suas forças, deu um salto e devorou o homem 'sem sorte'.

Um outro dia, um novo conto:

LUCUM-A-LA-PISTACHE


 


Num tempo em que não é o nosso, num lugar que não é o nosso, havia um rei que era admirado por seus súditos por causa da sua justiça.
O rei tinha vários serviçais, mas um para ele era muito especial, era o grão-vizir uma espécie de braço direito do rei, que não fazia nada sem tomar sua opinião e ouvir seus conselhos.
Certo dia o grão-vizir estava nos fundos do palácio sentado a beira de um poço se refrescando quando seu anel de ouro maciço caiu dentro do poço, sem que ele acreditasse o anel boiou e ele pôde recuperá-lo. Na mesma hora foi para sua casa e deu ordem a sua mulher para que fugisse com todos os seus pertences e filhos para o reino vizinho, onde seu irmão era o rei. Sua mulher quis saber a razão e ele lhe disse que pressentia que algo ruim ia lhe acontecer.
De fato aconteceu no dia seguinte, os guardas do rei vieram e prenderam o grão-vizir. Chegando ao palácio ele foi acusado de traidor, o rei não quis ouvi-lo e ordenou que o colocassem na terceira cela da terceira masmorra, a mais fria, úmida e escura do palácio, e lá ele foi esquecido por muitos anos.
Ele sentia muita saudade de sua família, mas a saudade maior era mesmo do lucum-a-Ia-pistache, uma torta maravilhosa feita com um açúcar muito fino que derretia na boca, ele sonhava com ela e resolveu pedir para o carcereiro que trouxesse um pedaço escondido, mas o carcereiro não lhe dava ouvidos. Até que um dia, por insistência do grão-vizir o carcereiro decidiu lhe comprar uma torta inteira e entrou com ela escondida. Quando grão-vizir viu aquilo quase morreu de tanta felicidade, colocou a torta num canto da cela, até comer sua comida, pois não poderia deixa-Ia para que ninguém desconfiasse do carcereiro.
Enquanto comia, um rato atravessou a sala e pulou em cima da torta, mais que isso fez xixi em cima dela. O grão-vizir neste momento chamou o carcereiro e pediu que ele fosse até sua mulher dizer a ela que voltasse para casa com seus filhos e seus pertences. O carcereiro não entendeu, mas por pena atendeu o seu pedido.
Dois dias depois o rei mandou que soltassem O grão-vizir, pediu-Ihe perdão e disse que foi vítima de uma mentira e sabotagem, ele foi promovido e o rei voltou a confiar nele.
Sua mulher ficou muito impressionada e quis saber como ele previu todos os acontecimentos. Ele lhe disse que bastava observar as coisas ao seu redor, quando o anel caiu no poço e boiou, ele estava nas graças do rei então imaginou que algo ruim lhe aconteceria, e quando estava preso sonhando com o lucum-a-Ia-pistache, ganhou e o rato fez xixi em cima, ele estava na pior, então sabia que algo bom deveria acontecer. Ora é só saber observar o que acontece ao nosso redor.
Histórias populares -autor desconhecido .